segunda-feira, 18 de junho de 2012

afinal vou voltar com o meu blog anterior, como apaguei a raiz do problema, o blog agora pode continuar.
http://sentimentosdd.blogspot.com

domingo, 17 de junho de 2012

meras mentiras


Com a pele a arder, sinto a rejeição a sair-me pelos pequenos cortes mas profundos que fiz na pele. Sinto-me mais leve, mas ainda com mais raiva de mim, de ti, de toda a gente. Mas que posso eu fazer? A noite já caiu, o sangue já correu, a ferida já está aberta, o rosto com as lágrimas. Já não dá para voltar atrás. É como uma cinza, é considerada como se não tivesse cor, é esquecida ao longo do tempo, é pisada, é humilhada, é tudo menos valorizada. E dói, saber que fui deixada por ti, mais uma vez, mais uma vez fui deixada num fundo dum poço. Tu desististe de mim, deixaste para trás todas as promessas que tu disseste que irias cumprir, deixaste para trás as palavras que tu me dizias, aquelas que eu sorria sempre que as lia. Mas calma, sabes o que é que dói mais? É que me deixaste para trás a mim. A mim, que dizias ser a rapariga que mais amavas, e isso fez com que eu morresse por dentro, porque isso deixa qualquer um morto. Porque quando se quebra uma promessa, nunca se sabe se quebraste a vida de alguém. Mas agora saí, não quero saber de ti.

Ainda não acabou calma, sabes uma coisa? Eu não quero saber se me magoaste, ou se estou a chorar. Eu só te quero aqui, bem juntinho a mim, como as nossas recordações lembraste? Não faz mal o que tu fizeste, eu já não me importo, isto vai passar, eu só te quero aqui. Porque tu sabes, quando estamos bem, eu esqueço as mentiras, as discussões, e mesmo que eu saiba que o que me estás a dizer é mentira, eu vou acreditar, porque... bem, não sei. Mas eu não consigo viver sem ti, e se tu consegues. Desculpa. Desculpa por escrever isto, desculpa por ser horrível e tu não gostares de mim, desculpa por ser chata, desculpa por não te esquecer, desculpa por te amar.

maus tratos


Sempre me ensinaram a não julgar pessoas pela aparência, mas toda a gente o faz, mesmo sem querer.

Página do diário de Amy ( 13 de Dezembro de 1999 )
Ás vezes corto-me só para senti-lo, não sabe bem, mas ele faz-me isto, e ao cortar-me faz-me sentir mais perto dele, dá-me o sentimento que ele me ama. Mas toda a gente me trata mal, rejeitam-me e não sabem nada sobre mim, da minha história, não sabem dele. É ele que chega todos os dias a casa e bate-me, por nada. É esse 'nada' que faz um eco tremendo na minha cabeça, e qualquer dia não o aguento mais. Mas uma vez ele pôs a força dele à prova, e eu tenho a marca, feia. A marca de uma faca, uma faca que esteve no meu braço, o sangue que escorreu nesse dia, as lágrimas que deixei na minha cama, mas não faz mal. Eu amo-o.

(...)

14 de Dezembro de 1999
- Olá Amy! Como estás? - cumprimentou-lhe a sua melhor amiga, Anne.
- Estou bem e tu?
- Também... Que tens no braço?
- Foi - hesitou - a minha gata, sabes as unhas dela são tão afiadas.
- Não parece nada, mas tu lá sabes não é?

(...)

Carta de Jason para Amy ( 16 de Dezembro de 1999 )
Amy andava triste, ninguém se importava com o que sentia, com o que vivia. Ela era a rapariga mais feliz do mundo, até a uma certa altura, o diabo mudou-se para casa dela. Agora? É sangue atrás de sangue, nódoas negras atrás de nódoas negras... Mas não se pode fazer nada, quando a vontade é pouca não é? Ela tinha cabelos longos pretos, olhos cor de mel, e um estilo diferente mas curioso. Vestia-se praticamente toda de preto, e talvez fosse essa a razão de ninguém crer saber dela, por ela ser 'estranha'. Mas se não fosse eu, talvez ainda estivesses nesse teu pesadelo, onde ninguém sabia de nada, aquele que escondias a toda a gente. Acorda, já passou. A policia esteve aqui na escola, eu contei tudo, eu sei que não me vais perdoar, mas eu fiz o que achei correcto ok? Eu não queria que isto acabasse assim, que tu visses o teu próprio irmão a ser preso, muito menos que ele te fizesse o que fez. Eu vou ter de partir, eu sei que me vais odiar por ir sem me despedir de ti, mas eu tenho que ir minha linda. Um dia quando voltar, quero ver-te linda, sem marcas e sobretudo feliz princesa! amo-te.

(...)

Página de um jornal ( 18 de Dezembro de 1999 )
A menina de 12 anos (Amy), que foi maltratada pelo irmão durante anos, morreu hoje no hospital. Por o irmão ter pose de arma e lhe ter dado um tiro na perna. Ela estava em estado critico, mas acabou por falecer. O irmão (Nelson) esteve preso durante a menina ter entrado no hospital até agora que soube da noticia, cometendo suicídio, deixou um bilhete no chão onde dizia: 'Amy, desculpa.'

É aquele momento que os remédios não fazem mais efeitos, é quando os cortes não te dão aquele alivio, que começas a pensar que a melhor solução é o suicídio. Não tenho quase nenhumas pessoas a quem possa confiar, não confio nos meus pais, nem nos meus ‘amigos’, em ninguém, todos parecem ser falsos comigo e eu comecei-me a afastar cada vez mais até que estou aqui sozinha, a tentar contar o que eu sinto mesmo que eu não consiga dizer tudo. Cheguei ao ponto de não saber mais o que poderia fazer, então recorri a auto-mutilação, era algo que podia me dar prazer e dor ao mesmo tempo, algo que eu podia esquecer os problemas nem que sejam por uns meros segundos, ou menos só para me sentir viva… Mas não penses que é fácil viveres com estes conflitos emocionais, porque eu tenho horas que pareço estar com um sorriso verdadeiro, e horas que nada me faz sorrir. Não sabia mais o que fazer até que pensei numa ultima saída, o suicidio, eu mesma surpreendi-me com o que eu pensei mas parecia que era a unica solução para tudo o que estava a acontecer, a unica solução para que eu finalmente tivesse paz e tranquilidade por toda eternidade. O mais estranho é eu falar de tudo isto, depois de anos ter guardado tudo para mim, e eu sei que quem ler isto, vai-me chamar de louca, doida, até de deficiente, mas eu não me importo, eu vou fazer algo que não terá volta, e nunca vou puder ouvir isso, nunca mais me vou importar com isso, vou ser finalmente feliz. E esta folha vai ficar espalhada por um sitio qualquer e nem sei se alguém vai ler, mas não faz mal. Paz para toda a gente. E só uma coisa: nunca faças o primeiro corte, é aí que tudo começa.